Enquanto o Brasil inteiro se engaja em campanha por um trânsito mais
organizado e em paz, resolvo dar pitaco na discussão que é mais antiga – para
não dizer velha, porque velha é a vovozinha – que minha Carteira Nacional de
Habilitação. A atuação de homens e mulheres no trânsito é mesmo uma discussão
sem fim.
Na eterna disputa entre os sexos, esse é sem dúvida um dos assuntos que
mais vem à tona. De um lado os homens, afirmando que elas não sabem “pilotar”
nada que não seja a pia de lavar louça ou o fogão. Do outro as mulheres,
respondendo que são muito mais responsáveis do que eles na direção e que, se
eventual falta de experiência delas pode vir a dificultar um pouco a condução
de veículos, muito pior é o desempenho dos machões quando colocados para
pilotar os eletrodomésticos. A verdade é que na ótica masculina, mulher é
sempre barbeira.
Analisando os fatos, friamente, chego a conclusão que os homens têm um
jeito mais ousado de dirigir. Por exemplo, numa ultrapassagem em um horário de
grande movimento, ao visualizarem um espaço disponível entre os veículos da esquerda, onde caberia no máximo uma bicicleta, eles certamente vão avançar por
ali. Pela lógica masculina, se entra uma bicicleta, também entra um carro, pois
todos os veículos têm freios e o motorista de trás não vai querer bater em nada
que amasse ou tire a cera de seu automóvel (amigo fiel e companheiro das
estradas).
Já às mulheres, quando veem o espaço entre os carros, primeiramente
analisam os riscos de entrar no meio deles, depois mentalizam todo processo que
deverão empregar para proceder com segurança aquela operação de troca de pista.
Lembram que se cometerem um erro, toda culpa será delas, pois no mundo machista
em que vivem são sempre as culpadas. Calculam as probabilidades da necessidade
de fazer aquilo e finalmente percebem que a brecha não existe mais e que
deverão reiniciar todo processo. Ok, nem sempre é assim... eu mesma, as vezes
acabo deixando o lado masculino, que todas nós temos, falar mais alto e avanço
pra outra pista.
E é graças à prudência que as mulheres, no Brasil, são responsáveis por
30% dos acidentes de trânsito, contra os 70% dos homens. Com base nos dados estatísticos que apontam um
envolvimento menor de mulheres em acidentes, algumas empresas de seguros de
veículos até oferecem descontos quando o principal condutor especificado no
plano for uma mulher. Em alguns casos, certas características chegam a render
um desconto de 30% a 40% no valor do seguro. As estatísticas também mostram que
para cada 10 mil mulheres, apenas 1,31 teve registro em acidentes fatais em
2012. Entre eles, o índice foi de 5,94. A explicação? Nós somos mais cautelosas
e respeitamos mais as leis de trânsito.
Viram só como nessa briga de cães e gatas, as gatas acabam levando a
melhor? Contamos com os dados a nosso favor. E nesse caso, contra argumentos,
não há o que fazer. Ainda assim, se todos os argumentos não forem suficientes,
aqui vai o mais forte deles: em último caso a culpa é sempre dos homens, que
entregam a chave do carro na mão delas! Rsrsrs
Ok! Ok! Idealismos à parte, o trânsito foi projetado para todos nós,
homens e mulheres, e somos todos responsáveis pelo que acontece nele. A
violência e as barbaridades só vão parar de ocorrer quando entendermos que se
todos colaborarem e agirem com responsabilidade, tudo fica mais fácil. Em 2013 já foram registradas 60 mil mortes no
trânsito, mais do que causadas por homicídio ou doenças como câncer. Cerca de
40% das vítimas estavam em motocicletas. Também foi constatada de que uma das
causas mais comuns dos acidentes de trânsito envolvendo motociclistas é a
bebida alcoólica. Eu mesma já fui vítima de motociclista embriago e por sorte
só tive danos materiais. Parece que imaginamos acontecer com todos, menos com a
gente. Se não der ouvidos à prudência, um dia pode ser com você.
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