sábado, 16 de abril de 2011

Eu e as crianças




O menininho não conhecia a filmadora, então, resolvi ensina-lo como

se filma.


Ele tem tudo para ser um grande cineastra. Pelo menos, cenário para o filme não lhe falta!



Depois de preparar a chicha, as mulheres usam a massa da mandioca para preparar uma espécie de bolo que chamam de polvilho. Densa e um pouco ácida, a massa é servida com a caça assada. No ritual da menina moça, a índia entrega o bolo, com o animal assado encima, ao seu padrinho.

Tão meninas, tão mulheres, tão guerreiras

Semana dos Povos Indígenas - Nambikwara






Comi biju, polvilho, carne assada, só não tomei a chicha (ainda, porque vou tomar mais tarde durante o ritual)

Se engana quem encara os povos indígenas como seres inferiores. Diferentes? Talvez... Qual o padrão, afinal, do que é normal para a sociedade não indígena. Nornal é massacramos aqueles que estão a nossa volta, fazendo destes escada para atingirmos nossa meta? Normal é olharmos para o outro com olhar de condenação diante do mínimo escorregão, como se nós mesmos fossemos perfeitos e já tivéssemos atingido a excelência?

Como aprendo com os Nambikwara, que aliás, são tão normais quanto nós.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Preparativos da Festa da Menina Moça - Povos Nambikwara




As melheres Nambikwara preparam a chicha para a grande festa da Menina Moça. A bebida é feita com a mandioca brava (normalmente não é usada na alimentação, serve apenas para fazer a bebida).
A massa da mandioca também é aproveitada. O biju é servido com caça assada.
Eu pude registrar os preparativos para a festa que vai servir de comemoração ao Dia do Índio.
Respeito às muitas culturas existentes em nosso país é o primeiro passo para um país melhor!!!
DIA O ÍNDIO COMEMORADO COM A FESTA DA MENINA MOÇA ABERTA AO PÚBLICO
(Eu estarei lá)

A aldeia Davi, localizada a 20 km do perímetro urbano de Comodoro, será palco da maior festa da região em comemoração ao Dia do Índio.

As atividades serão abertas aos não índios e começam no sábado, 16, às 8 horas, com a abertura dos jogos indígenas. A competição só termina no domingo, às 15 horas, e será realizada na própria aldeia.

Mas, o que mais chama a atenção na programação é a Festa da Menina Moça, que também será aberta para a apreciação dos moradores da cidade que quiserem participar. O ritual tradicional entre os Nambikwara começou ontem quinta-feira, e se encerra com a grande festa pública, a partir das 16 horas do sábado, 16.

“Neste ano, decidimos fazer a festa na aldeia porque assim vamos valorizar a cultura dos povos indígenas em cada detalhe. Eles não terão uma festa ao estilo do não índio, pelo contrário, a festa é organizada por eles, do jeito deles, e nós damos apenas o suporte e seremos os participantes”, afirma a secretária de Educação e Cultura, Edilúcia de Freitas.

Na quinta-feira, a aldeia, povoada por 38 índios Sawantesu, sub-grupo dos Nambikwara, já contava com a presença de mais de 100 índios. Até o sábado serão pelo menos mil que virão das demais aldeias do município. Hoje Comodoro é considerado um dos municípios brasileiros maiores marcas da presença indígena. Além disso, 62% do território do município pertence aos povos Nambikwara.

OS PREPARATIVOS – Na quinta-feira durante a tarde, os moradores da aldeia Davi, em clima de festa, faziam os últimos preparativos para o início do ritual. Animais caçados por eles mesmos estavam já estavam assados e prontos para ser servidos com o biju, feito do polvilho da mandioca. As mulheres trabalhavam arduamente fazendo a Chicha, bebida típica à base do suco de mandioca fermentado, enquanto os homens preparavam as barracas para a festa e as crianças treinavam para os jogos de sábado.

Além da comida típica, preparada pelos próprios índios, a Semec também irá atuar em uma cozinha montada dentro da escola da aldeia, para atender a população que for prestigiar a festa.

“Nós temos o maior respeito e atenção por esse povo que compõe boa parte do nosso município e esperamos que a população prestigie o evento, que além de ser muito bonito, serve para promover a interação entre índios e não índios, moradores de Comodoro”, esclarece o prefeito Marcelo Beduschi, com quem os Nanmbikwara possuem relação de amizade.

O RITUAL – A festa da menina moça é uma tradição milenar, conforme explica o pajé Renê Sawantesu. “Não temos nada escrito, mas passamos de geração a geração através da fala, está tudo guardado na nossa mente e no nosso coração”, afirma. A tradição manda que quando uma menina inicia seu período mestrual, é levada para uma oca, onde permanece por um longo período. Na aldeia Davi, há três meninas que passaram pelo ritual. Há quatro meses elas recebem visita apenas das mulheres da aldeia, que lhes dão instruções para a vida. Passado o período, elas serão apresentadas aos demais da aldeia, agora como mulher. A cerimônia dura três dias.

Hoje, talvez mais do que quando compôs, Drummond expressa a realidade brasileira:



ACORDAR, VIVER

Carlos Drummond de Andrade

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me àquele
reino onde não existe vida

e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia
seguinte, a fábula inconclusa, suportar
a semelhança das coisas ásperas de
amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas que rasga
em mim o acontecimento, qualquer
acontecimento que lembra a Terra e sua
púrpura demente?

E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Meu lado Mulher

Todas nós, mulheres temos um lado homem e outro mulher. Talvez, esse lado homem se aflore mais que o lado mulher. Quem sabe, para disfarçar os dissabores e o peso em "ser mulher". Vemos a nós mesmas, não com os olhos femininos, mas impregnadas de conceitos e paradigmas de um mundo masculino. Na gerra dos sexos existente dentro de nós, qual dos lados tem sido mais bem alimentado? Qual se sobressai? Como bem disse Frei Betto, em reflexão publicada em Caros Amigos: "Meu lado mulher incomoda-se de receber homenagens num dia do ano - 8 de março -, enquanto meu lado homem se farta com 365 dias. Talvez se faça necessária esta efeméride, dor recente de uma cicatriz antiga. Porque vive-se numa sociedade machista: matrimônio - o cuidado do lar; patrimônio - o domínio dos bens. O marido possui a casa, o carro e a mulher, que incorpora ao nome dela o da família dele. A casa, ele exige que se limpe todo dia. O carro, envia à oficina ao menor defeito. À mulher, ser multifacetado, cabe o dever de cuidar de casa, dos filhos, das compras e do bom humor do marido, que nem sempre se lembra de cuidar dela. Meu lado mulher nunca viu o marido gritar com o carro, ameaça-lo ou agredi-lo. Nem sempre, entretanto, ela é tratada com o mesmo respeito. (...) Meu lado mulher tem pavor da violência doméstica; do pai que assedia a filha, jogando-a nas garras da prostituição; do patrão que exige préstimos sexuais da funcionária; do marido que ergue a mão para profamar o ser que deu à luz seus filhos. Diante da TV ou da banca de revistas, meu lado mulher estremece: haja degradação! Ela é a burra, a imbecil que rebola no fundo do palco, expõe-se na casa do brother, associa-se à publicidade de cervejas e carros, como um adereço a mais de consumo. Meu lado mulher tenta resistir ao implacável jogo da descontrução do feminino: tortura do corpo em academias de ginástica; anorexia para manter-se esbelta; vergonha das gorduras, das rugas e da velhice; entrega ao bisturi que amola a carne segundo o gosto da clientela do açougue virtual; o silicone a estufar protuberâncias. E manter a boca fechada, até que haja no mercado um chip transmissor automático de cultura e inteligência, a ser enxertado no cérebro. E engolir antidepressivos para tentar encobrir o buraco no espírito, vazio de sentido, idéias e utopia. Meu lado mulher esforça-se por livrar-se do modelo emancipatório que adota, como paradigma, meu lado homem. Serei ela se ousar não querer ser como ele. Sereia em mares nunca navegados, rumo ao continente feminino, onde as relações de gênero serão de alteridade, porque o diferente não se fará divergente. Aquilo que é só alcançará plenitude em interação com o seu contrário. Como ocorre em todo verdadeiro amor". E viva o Dia Internacional da Mulher!!!