domingo, 22 de janeiro de 2012

Apesar de você...

Tanto tempo sem postar uma única linha aqui. Não por falta de vontade. Cheguei a ensaiar algumas postagens. Até rascunhei artigos nesse período. Mas, há sempre uma ocupação maior que me impede de praticar o exercício que mais me dá prazer na vida: escrever, criar, dar vazão há algum dos meus muitos eus, literários ou não.

Todo início de ano as pessoas costumam fazer promessas, estabelecer metas, criar novos parâmetros que deverão cumprir, mas que raramente seguem. Durante 25 anos fiz isso. Mas, “um belo dia resolvi mudar”. Um início de ano sem planos pré-estabelecidos. Apenas um compromisso: trabalhar menos e me dedicar mais a leitura e a música.

Como gosto de pesquisar antes de me dedicar a qualquer atividade, resolvi me informar sobre a produção musical do momento. Vozes gritadas dentro de uma latinha de sardinha, letras vazias e sem nexo, acordes repetitivos. Por mais que eu procurasse, mais que isso não deu para encontrar. Isso sem falar em hits considerados grandes sucessos, mesmo quando não há sentido algum em ocuparem espaço em uma rádio como se fosse música.

Uma criatura que grita constantemente “Minha avó ta maluca, comprou uma peruca”. Um “ai, ai, se eu te pego”, que agora é encarado como produto de exportação. E o brasileiro comemora, estamos nas paradas européias. É que por aqui as pessoas abdicaram do direito de pensar, simplesmente seguem o som do berrante da engenharia sócio-comportamental. É mais cômodo. Pensar para que? Ter comportamento questionador para que?

E pensar que há poucas décadas, o Brasil era exportador cultural. Minha mãe viveu na época em que esse país ostentava uma geração de pensadores, escritores, compositores, filósofos. Eu vivo em meio a pessoas que acham graça de uma brasileira “gostosinha” que fez sucesso no Canadá e que repentinamente virou celebridade noticiada até no Jornal Nacional; de gente que perde horas assistindo um programa de TV que exibe pessoas como animais, dando vazão aos seus instintos mais primitivos; enfim vivo cercada por pessoas que aplaudem a cultura ao lixo. Como será a geração em que minhas filhas farão parte?

Quero acreditar que ainda há esperança para essa falta de interesse em exercitar o intelecto humano. Mas, dar fim a imbecialidade global que se espalha rapidamente pelo planeta não é algo assim tão simples. Até parece que Chico Buarque compôs para esse vírus que impede as pessoas de raciocinarem. “Hoje você é quem mana, falou, tá falado. Não tem discussão, não”. Mas, apesar de você, ignorância, amanhã será outro dia!

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